
Sakamoto também apresentou números levantados pelo Ministério do Trabalho sobre o percentual de crianças de até 17 anos que foram resgatadas do trabalho escravo. Os números, que foram sistematizados pela ONG, revelaram que de janeiro de 2008 a outubro de 2009 foram encontradas 156 crianças nessa situação. “Não tivemos uma diminuição desse número de trabalhador libertado com menos de 17 anos”, lamentou o palestrante, informando que essas pessoas trabalham principalmente no setor sucroalcooleiro, em colheitas e nas carvoarias no Brasil.
Em seguida, o diretor da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) Mauricio Correia de Mello falou de outro problema que aflige as crianças e adolescentes, a exploração sexual. “A pobreza aparece como a primeira causa para a exploração sexual, mas não é a única”, afirmou, ressaltando que essa prática não atua isoladamente. Segundo ele, existe adolescente que não está em situação de pobreza e que usa essa prática para ter autonomia financeira. “Isso está associado à sociedade do consumo que vivemos”, disse o procurador, que citou em sua palestra normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da declaração de Estocolmo, que abordam a exploração sexual de crianças e adolescentes.
As mesas dos trabalhos das palestras foram conduzidas pela secretária executiva do FNPETI, Isa Oliveira, pela integrante da Comissão de Direitos Humanos da Anamatra Andréa Nocchi e pelo coordenador do Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) da OIT, Renato Mendes.
Partida de futebol encerra o evento

Ao fazer a avaliação do evento, o diretor de cidadania e direitos humanos da Anamatra, Gabriel Napoleão Velloso Filho, afirmou que o evento estabeleceu elos e envolveu a sociedade nessa luta. “Precisamos fazer o engajamento no nosso dia a dia, na nossa vida e fazermos disso uma luta permanente”, afirmou o magistrado.
Para o presidente da Amatra 1, André Villela, “hoje nós fomos chamados a pensar o que nós queremos não apenas para os próximos quatro anos, mas para as próximas décadas”. “Escutarmos falar de pré-sal, o país do futuro, mas sem essa juventude trabalhada para pensar de forma digna nós só teremos uma juventude marginalizada”, disse o magistrado, ao ressaltar que o evento é uma convocação e que hoje está sendo dado o pontapé inicial.