
“O sistema processual que hoje praticamos está muito centrado nas decisões proferidas pelos tribunais locais e pelos tribunais superiores, estabelecendo-se mais que uma pirâmide recursal, o que seria um modelo razoável, uma banalização dos recursos, com sua multiplicação, e gerando uma orientação jurisprudencial vinculativa que enfraquece a força e a criatividade das decisões de primeiro grau, com a negligência do caso concreto. O Judiciário, nesse modelo, se afasta de sua principal função, que é a composição dos conflitos”, afirma a desembargadora.
Entretanto, na opinião de Elaine, não é necessário apenas uma mudança nas leis. “Uma valorização das decisões de primeiro grau passa, mais do que por uma reforma legislativa, pelo desenvolvimento e investimento em uma nova cultura de litigância e também pela necessidade de se estabelecer um diálogo maior entre as diversas instâncias jurisdicionais”, destaca.
Ainda de acordo com a magistrada, a magistratura originária está cumprindo seu papel. “Mas isso não significa que não esteja ela refém de um sistema totalmente superado, que clama por mudanças”, finalizou Elaine.